Chuva durou cerca de 10 minutos e começou por volta das 15h
Uma violenta tempestade que durou cerca de 10 minutos derrubou árvores, postes e provocou alagamentos em Porto Alegre, na tarde deste domingo (13). Entre os pontos inundados estavam o cruzamento das ruas Luís Afonso e João Alfredo (Cidade Baixa), as avenidas Erico Veríssimo, Sertório, Carlos Barbosa e Padre Cacique. O túnel da Conceição também ficou interrompido por excesso de água da chuva.
Muitos moradores da Capital relatam falta de luz e vias bloqueadas, em diversos bairros. Contribuíram para o tumulto as sinaleiras desligadas devido à queda de energia. Conforme a CEEE, por volta das 17h, pelo menos 245 mil domicílios ficaram sem energia na sua área de atuação, sendo 160 mil em Porto Alegre e 45 mil em Viamão. As outras cidades afetadas, segundo a CEEE, são Alvorada, Guaíba e Eldorado do Sul. Às 21h, o número caiu para 140 mil clientes sem luz (110 mil em Porto Alegre e 20 milem Viamão). Às 20h 30min, a Rio Grande Energia (RGE) informou que tem 49 mil clientes sem luz nas regiões Metropolitana, Norte e Planalto, somando 224 mil sem energia elétrica no RS neste horário.
No pico do temporal, o número chegou a 73 mil na área de RGE que, somados aos 245 mil da área de CEEE, totalizavam 318 mil.
Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), a falta de luz também afeta o abastecimento de água em diversos pontos da cidade, principalmente na região Sul. As estações Ouro Preto (Zona Norte), Belém Novo e Tristeza (Zona Sul), São Manoel (Santana) e Cristiano Fischer (Zona Leste) estão afetadas. Mais cedo, o Dmae já havia anunciado que alguns bairros ficarão sem abastecimento na próxima semana. Confira ao final do texto os bairros que podem ser afetados por falta de água.
Em Porto Alegre, segundo relatos de moradores através das redes sociais, há registro de problemas nos bairros Cascata, Tristeza, Ipanema, Aberta dos Morros, Jardim do Salso, Teresópolis, Petrópolis, Rui Branco, Itu Sabará, Cavalhada, Hípica, Menino Deus, Cidade Baixa, Bom Fim, Bela Vista, entre outros. Em Viamão, diversos bairros também estão sem luz.
Até as 18h30, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) registrou pelo menos 16 casos envolvendo quedas de árvores ou galhos de grande porte, que estão em atendimento pelas Equipes de Manejo Arbóreo (EMA). Dados parciais da Defesa Civil apontam que pelo menos 12 casas foram destelhadas, sendo sete ocorrências em atendimentos até as 18h deste domingo. Os bairros mais afetados estão nas zonas Leste e Sul da Capital.
No bairro Santana, o vento fez palmeiras se vergarem na rua Monsenhor Veras. O mesmo aconteceu na Avenida João Pessoa, próximo à Cidade Baixa, e na avenida Osvaldo Aranha, no Bom Fim. Um rio de lama oriundo do Parque da Redenção invadiu as pistas, provocando transtornos aos veículos.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que até as 18h30 registrou dois pontos de alagamento com bloqueio total de via e oito pontos de acúmulo de água com bloqueio parcial. Também foram registrados um bloqueio total por poste caído na via e outro por queda de vegetal, além de quatro locais com galhos na pista sem bloqueio da via, e 17 conjuntos semafóricos sem funcionamento em razão da falta de energia.
Chuva corresponde a 38,2% da média do mês
Conforme meteorologistas, o temporal foi causado por uma nuvem cumulo-nimbus (escura e em forma de bigorna), gestada por uma área de baixa pressão. Tudo foi agravado pela temperatura alta, de 34º. Conforme a Somar Meteorologia, os ventos na região do aeroporto Salgado Filho atingiram 91 km/h, o que é impressionante. Muito perigosos, aliás, para aviões, que tiveram os voos desviados para outras capitais. Conforme a sala de situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, Porto Alegre registrou em uma hora até 38mm de chuva, o que representa 38,2% da média do mês de dezembro, que é 99,6mm
— Só a análise dos estragos poderá dizer se tivemos uma microexplosão, um tornado, algum fenômeno desse tipo. Só podemos dizer que esses ventos são fora do comum, embora ocorram no verão em diversas partes — resume a meteorologista Fabiene Casamento, da Somar.
O meteorologista Cléo Kuhn, da Rádio Gaúcha, diz que Porto Alegre enfrentou uma típica “tempestade de verão”, com ventos fortes e trovoadas. Isso não exclui que possa ter ocorrido algum fenômeno a mais, como um tornado, mas só análises posteriores poderão mostra.
No bairro Sarandi, na Zona Norte, árvores caíram e postes ficaram pendurados com a força do vento. Além disso, a água descia lentamente em alguns pontos. Na rua Zeferino Dias, o comerciante Joaquim Rosa limpava a sujeira que a água deixou em frente a sua casa.
– Isso é seguido aqui, é chover forte e alaga tudo. Na minha casa, a água não chegou a entrar, mas nos vizinhos invadiu – afirmou.
Bairros que podem ser afetados por falta de água, segundo a prefeitura
Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo – Aberta dos Morros, Agronomia, Belém Novo, Belém Velho, Boa Vista do Sul, Campo Novo, Cascata, Chapéu do Sol, Espírito Santo, Extrema, Hípica, Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro (parte), Pitinga, Ponta Grossa, Restinga, São Caetano e Vila Nova.
ETA Tristeza – Cristal, Vila Assunção, Tristeza, Camaquã, Vila Conceição, Pedra Redonda, Jardim Isabel, Ipanema, Espirito Santo, Guarujá, Serraria, Ponta Grossa, Serraria e Sétimo Céu.
Estações de Bombeamento de Água Tratada (EBATs) São Manoel e Cristiano Fischer – Partenon, Lomba do Pinheiro (parte), Boa Vista, Azenha, Jardim Sabará, Três Figueiras, Jardim Carvalho, Vila João Pessoa, Petrópolis, Jardim Botânico, Bom Jesus, Cel. Aparício Borges, Vila São José, Chácara das Pedras, Santo Antônio, Cascata, Jardim do Salso, Agronomia, Higienópolis, Vila Jardim e Santana.
Ebat Ouro Preto (falta de luz e danos na sala de alta tensão) – Costa e Silva, Cristo Redentor, Jardim Floresta, Jardim Itu, Jardim Leopoldina, Jardim Lindóia, Jardim São Pedro, Mario Quintana, Morro Santana, Parque Santa Fé, Passo das Pedras, Rubem Berta, Santa Maria Goretti, Santa Rosa de Lima, São Sebastião, Sarandi e Vila Ipiranga.
A Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) da Vila Minuano também apresenta falta de energia, o que dificulta o escoamento da água da chuva nesta região do bairro Sarandi.
Fonte : Gaúcha ZH