PM encontrou a criança presa em um barril, onde havia urina e fezes; pai disse que objetivo era educar o garoto
A PM (Polícia Militar) resgatou neste sábado (30), em Campinas, um menino de 11 anos que estava preso em um barril de metal com a cintura, as mãos e os braços acorrentados. O pai da criança, a namorada dele e a filha desta mulher foram presos acusados de tortura.
O caso aconteceu na casa da família, no Jardim Andorinhas. Segundo o boletim de ocorrência, o barril estava “muito quente”, por estar exposto ao sol, e continha uma quantidade “considerável” de urina e fezes do garoto.
Forçado a ficar em pé, menor estava com as pernas inchadas – Foto: Polícia Militar
O local era coberto por uma telha e uma pia de mármore. O menino precisava ficar o tempo inteiro em pé, pois, como seus braços ficavam acorrentados e fixos na parte de cima do tambor, ele não conseguia sequer se agachar. Por conta disso, suas pernas estavam inchadas.
O menor aparentava estar subnutrido e disse para os policiais que estava consumindo suas próprias fezes, porque não recebia alimentos havia quatro ou cinco dias. Afirmou ainda que passava por essa situação há anos.
O pai, um auxiliar de serviços gerais de 31 anos, argumentou que mantinha o menino preso para educá-lo. Alegou que o garoto ficava “muito agitado” dentro de casa, de acordo com o registro policial. Ele foi indiciado por tortura.
A namorada do pai, uma faxineira de 39 anos, e a filha dela, uma vendedora de 22 anos, tinham ciência dos fatos e não tomavam nenhuma atitude, conforme consta no boletim de ocorrência. Então, a Polícia Civil decidiu prendê-las por “tortura omissa”.
Ocorrência
A PM compareceu no local após denúncia de maus-tratos. Populares disseram para a equipe que desconfiavam da situação porque o garoto não brincava mais na rua e, desde antes da pandemia, não frequentava mais a escola.
Quando chegaram à casa, os militares tiveram a entrada autorizada pela vendedora de 22 anos e logo se dirigiram até o menino. A equipe cortou a corrente que prendia a criança e acionou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Depois, o menor foi encaminhado para o Pronto-Socorro do Hospital Ouro Verde.
O pai e a namorada estavam no supermercado e, após retornarem para a residência, foram detidos. A PM também fez contato com o Conselho Tutelar, que determinou por telefone que o menor ficasse com sua tia paterna.
Nas redes sociais internautas publicam fotos dos envolvidos na tortura e a sia indignação.
O caso foi registrado na 2ª DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Campinas, que determinou a prisão em flagrante dos três envolvidos.
Após ser acolhido e alimentado pela equipe, garoto perguntou a um dos agentes se ele poderia ficar com sua guarda.
Pela 1ª vez vi PMs chorando, diz policial sobre menino em tonel.
Cerqueira ainda contou que, após o menino ser acolhido e alimentado pela equipe, perguntou a um dos policiais se ele poderia ficar com sua guarda e ser adotado. De acordo com a polícia, o pai contou que a criança foi entregue por sua mãe biológica assim que nasceu e que moravam também na casa mãe e irmã adotivos do garoto.
O menino ficava debaixo de sol, por longos períodos, sem água ou alimentação. Por isso, estava desidratado e desnutrido. Segundo os agentes, ele está pesando cerca de 25kg.
Aos policiais, o garoto disse que, quando sentia fome, comia as próprias fezes. Conforme as informações iniciais, o pai e a irmã, que são usuários de drogas, prendiam o garoto com frequência para saírem para beber em bares da cidade.
O garoto foi retirado da casa e, em seguida, atendido pelo Samu.
https://youtu.be/G4Wfuf1ghzI