A Polícia Civil indiciou a mãe de Gael de Freitas Nunes, de três anos, pela suspeita do assassinato do garoto nesta segunda-feira (10), em São Paulo (SP), e pediu à Justiça paulista a prisão preventiva da mulher de 37 anos.
Defesa diz que ainda que a mãe da criança tem traumas por conta de uma relação abusiva com o pai da filha mais velha.
A mãe de Gael de Freitas Nunes, de 3 anos, afirma não se lembrar do momento da morte da criança. De acordo com o advogado de defesa da mulher, Fábio Costa, ela teria relatado um lapso de memória entre a noite de domingo (9) e a tarde da segunda-feira (10).
A mulher, presa na madrugada desta terça-feira (11), disse que se lembra de estar deitada com Gael e sua filha mais velha quando sentiu seu corpo quente. Ela teria ido tomar banho, dormido e acordado apenas no momento em que várias pessoas a tiravam do chuveiro.
O advogado afirmou ainda que a mãe de Gael tem traumas por conta de uma relação abusiva que teve com o pai da sua filha mais velha. Esses problemas afetaram tanto sua vida pessoal, quanto a profissional, já que ela não trabalha há muito tempo.
A mulher não soube dizer qual foi seu último emprego e, segundo o advogado, a mulher tem dificuldade na escrita. A mulher, de 37 anos, passará por audiência de custódia no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A defesa afirmou que pedirá o relaxamento da prisão da acusada.
Entenda o caso
O caso foi registrado pela 1ª Delegacia de Defesa da Mulher como homicídio qualificado consumado com emprego de meio insidioso ou cruel, ou que resulte em perigo comum.
Gael morreu na manhã desta segunda, com sinais de agressão no bairro Bela Vista, no centro da capital paulista. A mãe, principal suspeita pelo crime, foi presa em flagrante.
Segundo relatos da tia-avó, que vivia com os dois, por volta das 9h o garoto havia ido à cozinha do apartamento, onde estava a mãe.
A tia-avó permaneceu na sala e a irmã do menino, de 13 anos, estava no quarto. A tia-avó contou que ouviu a criança chorar, mas pensou que ele queria o colo da mãe, como era comum.
Ela chamou Gael para voltar a assistir desenho, mas a mãe respondeu que o filho iria ficar na cozinha.
Cerca de cinco minutos depois a idosa escutou barulhos fortes de batidas na parede, mas achou que o som era de outro apartamento. A tia-avó relatou que logo depois o menino parou de chorar. Ainda de acordo com a tia-avó, cerca de 10 a 15 minutos depois, ela ouviu o barulho de vidros estilhaçando, foi até a cozinha e encontrou o menino no chão, coberto com uma toalha de mesa, em meio a uma poça de vômito.
A mãe estava ao seu lado. A tia-avó do garoto perguntou para a mãe o que tinha acontecido com Gael, mas a mulher, que parecia estar em estado de choque, não disse nada.
O Pai
O pai do garoto Gael de Freitas Nunes, que morreu nesta segunda-feira (10), concedeu entrevista à reportagem e relatou os últimos momentos que viveu com o filho de três anos na tarde deste domingo.
“Ele me abraçou e disse que me amava muito: ‘Papai, eu te amo'”, afirmou o homem, que preferiu não ser identificado, chorando.
Ele relata que buscava o filho às sextas-feiras e o levava de volta para a mãe nos domingos, geralmente às 17h. Como este último havia sido Dia das Mães, levou o menino mais cedo e ainda comprou um chocolate para que o filho presenteasse a mãe.
O pai de Gael, a quem se refere como “um moleque amado e amoroso com todo mundo, era felicidade e vida”, comentou que só vivia em São Paulo (SP) por conta do filho. Sua família vive na Paraíba.
“[Estou aqui] por só um motivo: Gael. Não fosse meu filho, eu não estaria aqui em SP. Ele é o único neto da minha mãe e do meu pai, meu único filho. Abri mão de propostas de emprego por ele. Minha vida foi voltada pro Gael”, disse.
A respeito de sua relação com a mãe do garoto, ele comenta que sempre foi uma boa convivência, mesmo após a separação: “Nunca deixamos de ser amigos. Quando separei ainda tinha acesso ao prédio. Só de um tempo pra cá que ela começou a ficar diferente comigo, mas a gente nunca teve problema”.
Perguntado sobre a hipótese de uma outra pessoa estar no apartamento no momento do crime e ter tido influência na morte do filho, ele disse que a possibilidade está fora de cogitação, mas que prefere não pensar na prisão da mãe de Gael.
“Que a Justiça seja feita. Nada vai voltar. Não penso nisso, dela ser presa. Não vai voltar meu filho, quero apagar isso da minha vida”, afirmou.
O homem comentou que, nesta quarta-feira (12), levará o corpo do filho para ser enterrado na Paraíba, onde vive sua família.
Ele conta que o filho nunca o chamava ‘apenas’ de pai: “Ele nunca chamou [apenas] de papai. Era sempre ‘papai, eu te amo'”.