A deputada Andréia de Jesus (PSOL), presidente do colegiado, diz que vai acionar o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública investigar o caso das 26 mortes pelos policiais
A Polícia Militar atribuiu o fato de nenhum policial ter ficado ferido durante a ação que terminou com a morte de 26 suspeitos de integrarem uma quadrilha de assalto a bancos neste domingo (31) em Varginha (MG) à ‘técnica’, ‘tática policial’ e ‘treinamento’ da equipe que atuou na operação.
Segundo a capitão, os policiais foram recebidos com tiros pelos suspeitos de integrarem a quadrilha e por isso revidaram com o mesmo calibre.
“A gente usa um armamento proporcional à agressão que a gente estava sofrendo, nós sabíamos por meio do serviço de inteligência da possibilidade de sermos alvejados ou sermos recebidos com disparos de fuzil, é uma arma muito utilizada por essas quadrilhas, então nossos policiais foram preparados para responderem à altura também com fuzis. Inclusive na declaração de ontem, os policiais envolvidos no fato atribuem a questão do óbito a essas armas que têm uma alta energia, um alto poder, por isso a possibilidade de sobrevida é menor”, disse a capitão.
A porta-voz da PM reforçou que todos os suspeitos foram socorridos com vida para hospitais da cidade.
“Todos foram socorridos de imediato, essa foi uma ação que durou poucos minutos, assim que foi encerrado esse tiroteio, esse confronto, todos foram socorridos em viaturas tanto da Polícia Militar, quanto da Polícia Rodoviária Federal e levados diretamente aos hospitais da cidade.
Operação e confronto
A operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) resultou na morte de 26 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha roubos a bancos neste domingo (31) em Varginha (MG). De acordo com a PM, os suspeitos seriam especialistas neste tipo de crime.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os confrontos com os homens ocorreram em dois sítios diferentes localizados em duas saídas da cidade. Na primeira, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Em uma segunda chácara, conforme a PRF, foi encontrada outra parte da quadrilha e neste local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram. A 26ª morte, do caseiro, foi confirmada só na manhã desta segunda-feira (1º).
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A apuração dos Direitos Humanos sobre as mortes
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pediu uma apuração sobre as mortes. A deputada Andréia de Jesus (PSOL), presidente do colegiado, diz que vai acionar o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública investigar o caso.
Em nota, a Comissão de Direitos Humanos da Subseção da OAB Varginha informou que busca atuação integrada com a Comissão de Direitos Humanos da OAB Minas Gerais para acompanhamento de todas as investigações e demais procedimentos.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também acredita que uma investigação deve ser feita para apurar a ação.
“A gente sempre lembra que o policial só é policial porque pode fazer o uso da força e essa força pode chegar a matar outra pessoa, mas isso não se faz desprovido de regras e limites, é preciso entender se nessa operação em Minas Gerais houve um abuso desse limite, ultrapassou-se esse limite para gerar 25 mortes. Como eu disse, é muito raro no Brasil que uma única operação policial tenha como resultado, além da grande apreensão de armas, a frustração de um crime como assalto a bancos como vem acontecendo Brasil afora, o resultado de 25 mortes. É preciso esforço do Ministério Público e das corregedorias das polícias investigar se houve ou não abuso ou houve ou não letalidade policial”, disse.
A informação foi confirmada pela deputada Andréia de Jesus (PSOL), presidente da comissão na ALMG. “Sou solidária às mães e familiares que estão passando por um momento tão difícil e afirmo que a Comissão de Direitos Humanos está acompanhando o caso e vamos cobrar respostas”
Ainda de acordo com a parlamentar, ao longo desta semana a comissão vai emitir ofícios para órgãos como a PM e a PRF para entender melhor como o caso aconteceu. O Ministério Público de Minas (MPMG) e a Secretaria de Segurança Pública também serão acionados. “Seguimos em busca de justiça para que a lei deste país seja cumprida e que não ocorra mais esta morte em massa da nossa juventude preta”, informou.