Quinta-feira é de alto risco de temporais com vendavais que podem causar danos e falta de luz em estados do Sul do Brasil
A MetSul Meteorologia alerta para uma quinta-feira de alto risco com probabilidade elevada de tempo severo com temporais que localmente podem ser fortes a intensos, especialmente com vendavais, que podem causar danos e transtornos para a população como falta de energia.
A onda de temporais que já afeta a Argentina com forte instabilidade será consequência de muito profundo centro de baixa pressão que começará a dar origem a um ciclone extratropical entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul em processo que se denomina de ciclogênese. No decorrer do dia, a pressão atmosférica deve cair acentuadamente, atingindo valores que são pouco comuns de se observar no Rio Grande do Sul.
O centro de baixa pressão vai estar sobre o Uruguai com 990 hPa enquanto no estado gaúcho várias cidades terão valores de pressão em superfície (reduzida ao nível do mar) de 991 hPa a 995 hPa. Para se ter ideia de quão baixos são estes valores de pressão atmosférica previstos, o furacão Oscar tocou terra n parte oriental de Cuba no domingo à noite com pressão de 986 hPa. A pressão atmosférica média normal ao nível do mar é de 1013 hPa.
Quanto mais baixa a pressão, maior o potencial de instabilidade. A história climática mostra que em vários episódios de instabilidade no Rio Grande do Sul no passado sob pressão muito baixa o principal impacto foi a ocorrência de vendavais, alguns intensos. Uma linha de instabilidade deve avançar pelo Rio Grande do Sul nesta quinta sob este ambiente de pressão atmosférica com chuva e temporais de vento e granizo, porém, como salientado, o risco maior será o de vendavais na virada do tempo. Além da baixa pressão, a instabilidade será precedida por ar quente com calor, o que é outra condição que agrava o risco de temporais. Quanto mais quente e menor a pressão em superfície, maior o potencial para tempestades, especialmente de vento.
Por isso, espera-se que o risco maior de temporais de vento se concentre nas Metades Oeste e Leste do Rio Grande do Sul, onde a temperatura conseguirá subir mais antes da chegada da chuva, o chamado setor quente, enquanto no Oeste a instabilidade deve ocorrer desce cedo. A instabilidade que vai ocorrer no ambiente ciclogenético (de formação do ciclone) pode trazer ainda chuva localmente forte a torrencial com elevados volumes em períodos curtos durante a ocorrência de temporais, mas não é situação que leve a cheias de rios porque a chuva será muito rápida.
O que pode ocorrer são alagamentos pontuais em algumas cidades. A QUANTO PODE CHEGAR O VENTO As rajadas de vento pelos temporais da quinta-feira devem ficar, em média, entre 70 km/h e 90 km/h, mas em alguns pontos não são descartadas rajadas perto e acima de 100 km/h. Isoladamente, há possibilidade de tempestades severas com vento acima de 120 km/h.
Os mapas abaixo mostram a projeção de vento máximo de acordo com o nossos modelo WRF de alta de resolução inicializado com os modelos norte-americano GFS e europeu (ECMWF) em que se observa a tendência de muitas áreas terem vento forte a intenso com a instabilidade. Projeção de vento máximo do modelo WRF-ECMWF | METSUL Projeção de vento máximo do modelo WRF-GFS | METSUL Sob este cenário, é alto o risco de episódios de vendavais que podem provocar queda de árvores, postes, destelhamentos e colapso de estruturas. Inevitavelmente, haverá impacto no setor elétrico com falta de luz em consequência dos temporais tanto na área de concessão da RGE como da CEEE Equatorial. Projeção de chuva e pressão do modelo europeu para a madrugada de quinta-feira | METSUL Os dados indicam ainda (mapa acima) a atuação de uma intensa corrente de jato em baixos níveis sobre o Sul do Brasil nesta quinta-feira. Trata-se de um corredor de vento com ar quente a cerca de 1500 metros de altitude que se origina na Bolívia e vai se intensificar com o aprofundamento do centro de baixa pressão no Uruguai. Assim, mesmo antes de a chuva chegar, com tempo ainda forme, pode ocorrer vento do quadrante Norte muito forte, como, por exemplo, na região de Santa Maria. A atuação da corrente de jato interagindo com a linha de instabilidade associada ao ciclone não permite se afastar ainda fenômenos severos isolados de vento como microexplosão ou tornados.
COMO OS TEMPORAIS DEVEM AVANÇAR
A instabilidade muito forte inicialmente atinge o Centro da Argentina e o Uruguai. No começo do dia, a instabilidade mais intensa avança para o Oeste do Rio Grande do Sul. No decorrer do dia, a chuva e os temporais se deslocam para Norte e Leste, alcançando as demais regiões gaúchas. Os mapas abaixo mostram o deslocamento da chuva e a pressão atmosférica para os turnos da madrugada, manhã, tarde e noite desta quinta-feira, de acordo com dados do modelo de referência do Centro Meteorológico Europeu. Projeção de chuva e pressão do modelo europeu para a manhã de quinta-feira
| METSUL Projeção de chuva e pressão do modelo europeu para a tarde de quinta-feira | METSUL Projeção de chuva e pressão do modelo europeu para a noite de quinta-feira | METSUL Atente nos mapas que a instabilidade de começo vai atingir mais o Rio Grande do Sul, mas que da tarde para a noite áreas de instabilidade com chuva e tempestades com risco de granizo e vendavais devem se formar também em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Assim, não será um evento de instabilidade limitado ao Rio Grande do Sul. É alto o risco de tempo severo localizado também nos demais estados da Região Sul e ainda no Mato Grosso do Sul e São Paulo da tarde para a noite desta quinta-feira e na madrugada da sexta-feira à medida que a instabilidade avança de Sul para Norte.
CENÁRIO DIFERENTE DE JANEIRO DESTE ANO
Sempre que há risco de vento forte, imediatamente vem a mente a memória recente do intenso vendaval que atingiu Porto Alegre e outras cidades em janeiro deste ano com rajadas perto de 130 km/h em alguns pontos, embora em março tenha ocorrido uma onda de tempestades com vendavais intensos em muitas cidades do Rio Grande do Sul.
O cenário para esta quinta-feira, conforme a análise da MetSul, não deve ter o mesmo nível de severidade que o de janeiro deste ano, apesar de que em alguns pontos o vento pode ter muito forte e passar dos 100 km/h. Cada evento meteorológico tem a sua própria história e um episódio que numa cidade pode ser menos intenso que outro extremo em pontos diferentes pode ter intensidade maior com o que se compara, porque o vento não é homogêneo e ondas de temporais são capazes de provocar fenômenos severos muito localizados. A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp.
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