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Estudo analisa influencia da faixa etária na efetividade nas principais vacinas no Brasil

ago 27, 2021
Frasco rotulado como de vacina da AstraZeneca contra Covid-19 ao lado de frasco rotulado como de vacina Pfizer-BioNTech contra Covid-19 em foto de ilustração 19/03/2021 REUTERS/Dado Ruvic
Os resultados mostram que as vacinas AstraZeneca-Fiocruz e CoronaVac são efetivas na proteção contra infecção, hospitalização e óbito, considerando o esquema vacinal completo (duas doses): AstraZeneca-Fiocruz, com 90% de proteção, e CoronaVac com 75%.
Algumas vacinas contra Covid-19 são mais eficazes do que outras? - Olhar Digital
No entanto, os dados destacam o impacto crítico da idade sobre a efetividade de duas vacinas que empregam tecnologias diferentes. Até os 89 anos de idade, a AstraZeneca-Fiocruz teve um índice de proteção contra morte de 89,9%. Já para acima dos 90 anos, o índice fica em 65,4% com esta vacina.
No caso da CoronaVac, após os 60 anos observa-se uma tendência de queda na efetividade geral, com uma redução maior no grupo acima dos 80 anos e alcançando um impacto ainda maior na população acima de 90 anos, quando a efetividade contra óbito é de 33,6%.
“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas, o que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. A intenção é fornecer dados para embasar decisões dos gestores”, explicou o coordenador do estudo, Manoel Barral-Netto, pesquisador da Fiocruz Bahia.
A pesquisa “Influência da idade na efetividade e duração da proteção nas vacinas Oxford/AstraZeneca e CoronaVac” envolveu mais de 75 milhões de pessoas imunizadas, sendo o maior estudo do tipo realizado no Brasil.
Confira a diferença entre elas e suas variações em diferentes idades .

Butantan/CoronaVac

Dose da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, de SP - Arthur Stabile/UOL - Arthur Stabile/UOL
Imagem: Arthur Stabile/UOL
  • Tecnologia

A vacina de origem chinesa é feita com o vírus inativado: ele é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus —já inativado— começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença.

As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.

  • Eficácia

A eficácia geral da CoronaVac é 50,38%, ou seja, os vacinados têm 50,38% menos risco de adoecer. Dados iniciais mostravam que, caso a pessoa seja infectada por covid-19, a vacina oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente e 78% para prevenir casos leves.

Mas na “vida real”, sua eficácia está sendo estudada em diversos pesquisas envolvendo as novas variantes, por exemplo. Inclusive, em pessoas com mais de 80 anos, a CoronaVac teve menor efetividade.

  • No Brasil

A vacina foi criada na China pela farmacêutica Sinovac, mas, no Brasil, a parceria com transferência de tecnologia foi feita com o Instituto Butantan. Os testes para estudos clínicos com a CoronaVac começaram em julho de 2020 em oitos estados brasileiros. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à covid-19.

A aplicação da vacina começou no dia 17 de janeiro após aprovação emergencial da Anvisa.

Oxford/AstraZeneca/Fiocruz

Vacina Oxford - Tânia Rêgo/Agência Brasil - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil
  • Tecnologia

A vacina produzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) usa uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um “vírus vivo”, como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde.

Este adenovírus também é modificado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção.

  • Eficácia

Inicialmente, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram dois resultados distintos de eficácia desta vacina —62% quando aplicada em duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. A eficácia média, segundo os cientistas responsáveis, é de 70%.

Em março, a farmacêutica informou que a vacina tem 79% de eficácia para prevenir os casos sintomáticos da doença. O imunizante, segundo a empresa, se mostrou seguro e 100% eficaz contra casos graves da doença, que precisam de internação de pacientes.

  • No Brasil

A vacina foi criada no Reino Unido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, houve a transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz. Voluntários brasileiros também participaram da fase de testes: foram 10 mil pessoas no total em cinco estados.

A vacina já começou a ser aplicada no Brasil. No dia 12 de março, o imunizante teve o registro definitivo aprovado.

Pfizer/BioNTech

Vacina da Pfizer - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock
  • Tecnologia

A vacina utiliza a tecnologia chamada de mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac ou da AstraZenca/Oxford, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido.

O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa “cópia”, no entanto, não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado entre -90º C a -60º —um dos grandes desafios para os países.

  • Eficácia

Inicialmente, a farmacêutica Pfizer anunciou que sua vacina contra a covid-19, elaborada em parceria com a empresa alemã BioNTech, é segura e tem 95% de eficácia. Essa é a conclusão final da terceira fase de testes.

Em maio de 2021, um estudo do periódico Jama mostrou que a vacina reduziu as infecções sintomáticas pela doença em 97%, ao passo em que diminuiu as assintomáticas em 86%.

  • No Brasil

A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países. No Brasil, os testes foram feitos em São Paulo e Bahia. No dia 23 de fevereiro, o imunizante teve o registro definitivo aprovado pela Anvisa. Em 19 de março, o governo Bolsonaro assinou contrato de compra de 100 milhões de doses com o laboratório. A vacina já está sendo aplicada em diversos países do mundo.

Janssen

Anvisa recebe pedido da Janssen para uso emergencial da vacina - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
  • Tecnologia

A vacina produzida pela farmacêutica Janssen, da companhia Johnson & Johnson, diferente das outras, precisa apenas de uma dose única. A tecnologia é baseada em vetores de adenovírus —tipo de vírus que causam o resfriado comum, mas ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.

Outra parte do processo envolve o código genético do próprio vírus Sars-CoV-2. Para produzir a vacina, um pedaço da proteína “S”, presente nessas espículas responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador).

Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante, que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor, criando uma memória no corpo contra o coronavírus.

  • Eficácia

Em janeiro deste ano, a farmacêutica anunciou eficácia global da vacina de 66%. Em março, a Janssen informou que o imunizante contra covid-19 tem 87% de eficácia contra formas graves da variante brasileira.

  • No Brasil

Em março, a Anvisa aprovou o uso emergencial da vacina da Janssen. No dia 19 de março, o governo assinou contrato de compra de 38 milhões de doses, mas sem data exata de entrega.

O imunizante foi também testado com voluntários brasileiros na fase 3, quando são realizados testes em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia da vacina.

 

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