Homem que matou a cadelinha Belinha é solto em 24 horas a mando da justiça
A Justiça determinou a soltura de Edison Martins, 42 anos, comerciante que atirou com uma arma de pressão e matou a cadela de um menino de 13 anos em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O crime ocorreu na segunda-feira, Dia das Crianças, no momento em que o menino tinha ido ao mercado fazer compras pedidas pelos pais.
A decisão é do juiz plantonista Fernando Alberto Corrêa Henning, ainda na terça-feira (13). Ele determinou a liberdade provisória sob compromisso de que o homem compareça aos atos do processo, mantenha endereço atualizado e não se ausente da comarca.
Na decisão, o magistrado homologou a prisão em flagrante, mas determinou a liberdade após analisar o histórico do comerciante. Henning concluiu não haver necessidade de mantê-lo detido:
“O flagrado não possui antecedentes e não há qualquer indicação especial da necessidade da prisão cautelar para fins de preservação da ordem pública ou econômica, regularidade da instrução ou assecuração da aplicação da lei penal; tampouco há medida cautelar por ele descumprida”.
Segundo a família, o menino foi ao mercadinho do Loteamento Nascer do Sol, no bairro Boa Vista, pouco depois das 12h, para fazer compras pedidas pelos pais.
Belinha o acompanhou, como fazia de costume. O cão ficou esperando do lado de fora do mercado, mas sua presença gerou a irritação do proprietário, que, segundo a polícia, atirou com uma espingarda de chumbinho contra a cadela.
O tiro alertou o menino, que saiu de dentro do mercado. Correndo, ele ainda levou a cadela sangrando em seu colo até os seus pais, para que a examinassem e pedissem ajuda. Belinha não resistiu.
O fato gerou a revolta de moradores do loteamento, que cercaram o prédio do mercado. A Brigada Militar foi acionada e deteve o homem.
De acordo com o capitão Renato Rafell de Brito Fell, subcomandante da corporação em Sapucaia do Sul, o comerciante afirmou aos policiais que tinha a intenção “de somente assustar o animal”.
“Quando as guarnições chegaram, havia várias pessoas, em um tumulto grande que se formou. O autor, em seguida, se apresentou. Ele entregou a arma, uma carabina de pressão. O indivíduo foi autuado em flagrante com base na lei de maus-tratos aos animais“, resumiu o policial.
Pena de reclusão
A lei trouxe mais rigor a casos como esse, impondo reclusão de dois a cinco anos, além de multa. Antes, em um caso semelhante, seria cabível apenas o registro de termo circunstanciado.
O delegado regional de Canoas, Mario Souza, afirma que o caso será tratado com rigor e entrará no bojo das investigações da Operação Arca, ação permanente da Polícia Civil contra maus-tratos a animais na região.
“O crime já é grave, e, nesse contexto, com a morte do animal e na frente da criança, chama ainda mais atenção e destaca mais a gravidade do crime. Não é algo a ser tratado como simples, certamente a criança terá um trauma devido a essa situação. Isso é barbárie, o que não pode ser permitido. Vamos atuar com todo o rigor da lei”, manifestou o delegado, que lembrou não haver possibilidade de fiança com o novo texto da lei.
Vídeos gravados por vizinhos e postados em redes sociais mostram o tamanho do amor que ele tinha pela cadela. Já com o animal morto, o garoto permaneceu com ela em seu colo, chorando e pedindo para que ela reagisse.
Homem solto
O poder judiciário permitiu a libertação do acusado, após justificativa do código penal. A Polícia Civil disse que irá indiciar o homem, que poderá pegar até 5 anos de prisão.
Fez a cruz
“Ô, Belinha, tá me ouvindo?”, clamava o menino, com os braços sujos de sangue da cadela. Apesar da dor, o garoto decidiu que deveria enterrar Belinha. Ele mesmo pediu para um vizinho que tem conhecimentos de marcenaria para fazer uma cruz. (Metrópoles)