Pais flagraram a ação nas câmeras de monitoramento da unidade; funcionária foi demitida por justa causa
Uma criança de um ano e dez meses foi agredida por uma professora da Escola Paris, uma instituição particular no Boqueirão, em Praia Grande. Imagens das câmeras de monitoramento flagraram o momento em que a funcionária aperta o rosto e puxa os cabelos da criança enquanto penteava a aluna. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Em entrevista para A Tribuna, o advogado da família, Franco Antunes, explica que a mãe percebeu marcas vermelhas no rosto da filha quando foi buscá-la na escola em 15 de março, por volta das 17h. “Ela questionou o que seria, mas a funcionária da portaria não deu muitas explicações”.
Segundo Antunes, a mãe não ficou satisfeita com a posição da funcionária e resolveu acessar o sistema de monitoramento da escola, que é liberado aos pais. “Ela ficou intrigada porque a filha vinha apresentando um comportamento diferente do habitual desde o começo deste ano”, destaca o advogado, dizendo que a menina se recusava a ir para escola, pentear os cabelos e tinha pesadelos constantemente.
A mulher notou que a filha era agredida justamente no momento em que professora penteava os cabelos dela, por volta das 16h daquele dia. “(A mãe) então salvou o vídeo, enviou para escola e no dia seguinte registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM)”, comenta Antunes. Ele foi contratado para o caso na mesma data.

O advogado afirma que, ainda no dia 16, a família se reuniu com a direção da unidade de ensino e recebeu a notícia de que a funcionária em questão havia sido demitida por justa causa. “Independentemente dessa atitude da escola, a mãe muito abalada optou por retirá-la da escola”.
A criança passou por exame no Instituto Médico Legal (IML) no dia 17 de março e, agora, o objetivo é que seja instaurado um inquérito policial para ampla investigação. “O interesse da família é saber se foi um episódio isolado, se aconteceu reiteradamente e se pode ter acontecido com outras crianças”, enfatiza Antunes.
De acordo com ele, a criança não foi matriculada em nenhuma outra unidade. Os familiares aguardam as investigações, que estão sob responsabilidade do 2º Distrito Policial (DP) de Praia Grande.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), “os laudos referentes à ocorrência estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial”.
Bebê é agredida por professora em escola de Praia Grande: https://t.co/bedYFYZhPG pic.twitter.com/h93xca6q1n
— Jornal A Tribuna (@atribunasantos) March 29, 2022
A escola
Em nota, a Escola Paris, lamentou o ocorrido e confirmou a demissão da funcionária, afirmando que a conduta da mesma “foge aos princípios e preceitos educacionais e socioemocionais”. O texto continua: “É totalmente inadmissível qualquer comportamento, fala ou ato que venha constranger ou se quer prejudicar o alicerce familiar de suas crianças”.
A Reportagem conversou com a diretora do complexo escolar – que preferiu não se identificar. Ela diz que a funcionária em questão foi estagiária da escola em 2020 e foi contratada em 2021, assim que terminou a faculdade. “Até então, nunca percebemos nada. Uma pessoa de boa família, uma profissional formada em Pedagogia”.
Na data do ocorrido, a diretora foi alertada sobre o caso por uma funcionária da mesma turma em que aconteceu a agressão, pois a profissional relatou ter sentido uma movimentação estranha na classe.
Desta forma, ela acionou o circuito de câmeras e flagrou a ação. “Vi a forma de pentear os cabelos da criança com muita estupidez. Chamei a funcionária para mostrar e para que ela tivesse essa noção do que fez”. Segundo a diretora, o flagrante aconteceu praticamente no mesmo momento em que a família viu as imagens.
Ao ser confrontada pela direção da escola, a profissional justificou, segundo a instituição, que tudo foi uma “brincadeira”. Questionada novamente sobre a resposta, a mesma teria dito que não sabia explicar o motivo de tal atitude.
A escola informa, ainda, ter investigado a atitude da professora em outras gravações, mas confirmou se tratar de um fato isolado.
Na mesma data, a funcionária foi demitida por justa causa e, no dia seguinte, a direção da escola também procurou a Polícia Civil. “Mas me orientaram que eu não precisaria porque a mãe já tinha feito”.
A diretora contou ter conversado com os familiares da aluna, mas entende os motivos para que a mãe tirasse a criança da escola. “Sou totalmente solidária à família”.
“A escola procura viver em transparência, nós estamos na Praia Grande há 23 anos e neste ano completamos 24. Estamos aqui para esclarecer qualquer coisa, não temos nada a esconder”, explica a diretora.